Dia dos namorados diferente!

A noite era de sábado, perfeita! Eu queria sair, mas estava sem vontade, mas algo em minha mente e meu estomâgo, dizia que eu deveria sair. Me arrumo  um pouco mais que o de costume, queria chamar a atenção, mas olhando-me eu podia nitidamente ver que , nem era necessário tantos acessórios e nem uma roupa chamativa. Saio pra rua e tudo se desmorona.
Corações, doces, presentes , chocolates...tudo em tons escarlate, que para mim, seria altamente convidativo, se não fosse tão irritante.
Há tanto tempo detestava essa data e por mais sádico que pudesse parecer, era sempre nela que acordava mais, feliz e humana, o que caía por água abaixo em segundos.
Caminho pelas ruas tão carrancuda que nem me dou conta dos olhares furtivos que me seguiam.
As vitrines iluminadas e espelhadas do Shopping chamam a minha atenção e eu, decido chocar alguns daqueles que ali, pensavam encontrar diversão e amor...argh!!
Paro em frente a uma loja e ouço uma voz irritante me chamar. Irritante, porque soava tão educada e gentil que já me feriu.

- Boa noite...procura algo em especial? 

 -Tens corações fresquinhos e pulsantes, tais como o teu? - respondo irônica.

- Ah, procura algo diferente pra dar pro amado, hãn?
 - Não sua tonta, a diferente aqui sou eu! - penso . Mas continuo a sorrir tão amável que ela nem notará quem ou o quê ela via.
 - Tenho uns docinhos aqui... perfeitos para uma noite de arrepiar. - arregala os olhos como se fosse me assustar. Patética!

Me vira com uma caixinha cheia de "dentinhos de vampiro"...ela tava de sacanagem, só podia!

- Estes querida, são os últimos docinhos a serem entregues. Olhe, não são bonitinhos?

-Ah e agora tu vai me dizer que o recheio é de "sangue"? Por favor, não me faça pular no teu pescoço;
Eu ja sorria de ódio, porque ela não se dava conta do que podia estar ali.
 -Mas se prefere outro...tenho estes corações com recheio de amoras silvestres, veja...parece sangue mesmo quando se morde!

Ah esta fora a gota d'água. Saio girando nos calcanhares sem ao menos olhar pra ela nos olhos. Senão ela teria congelado. Aí sim, ela deveria temer, porque o que eu sentia no fundo da minha alma estava ali refletido. Mas resolvo que vou me comportar e quem sabe até me divertir. Caminho mais suavemente, diria que com a graça de uma sílfide.Olhava  todos nos olhos demonstrando ser o que eu realmente era. Um disfarce.

Um rapaz lindo, cheio de ginga vem em minha direção, carrega em uma das mãos , rosas vermelhas, já gostei e na outra, uma caixa de bombons, que eu esperava do fundo do meu coração de vinho seco, que não fossem os malditos me mostrados a pouco e um balão...Meigo e tão...urgh, romântico que não resisti. Cravei minhas garras no balão que se fez em pedaços e ele virou-se pra me xingar. Impassiva lhe olhei nos olhos e disse: - Algum problema?
Boquiaberto, respondeu:

- Nenhum senhorita, só queria saber se aceitaria estes bombons? Meu coração pelo teu!
- Péssima troca querido, mas digo isso pelo meu , não pelo teu que deve ser "maravilhoso".

 Conversa vai, conversa vem. O dia quase amanhece, os primeiros raios de sol querem entrar e eu corro.
Deixo-o lá, com suas caixas e um pouco mais seco, mas ainda vivo...parece. Espio!É deve estar sim.
Ah, até que não posso me queixar deste dia dos éh...namorados,  ele tinha um sabor , estupendo!