Conto: O prazer da leitura - Segunda Parte



Ele para um pouco a leitura para observar se ela estava prestando atenção nas palavras dele e viu o quanto ela estava vidrada, olhos tão brilhantes quanto à protagonista do livro.

- Continua...

Abre um sorriso e volto a ler.

... tudo nela me fascinava, seu corpo, seu olhar, seus movimentos sutis. Quando estava para retirar a ultima, peço que seja bem devagar. O movimento dela tirando sua roupa intima era sublime vai até a altura dos joelhos, ergue uma das pernas, se equilibrando maravilhosamente em uma das pernas. Repete a mesma coisa do outro lado, mesmo movimento, entregando-me a peça intima na mão.
Estava em êxtase. Minha única reação e erguer um pouco o corpo, entrelaçando a cintura dela, beijando seus lábios com volúpia. Ela era minha senhora, minha dona, a razão da minha existência. Eu a prendi em mim para não mais soltar.”


Fechou o livro e quando ergueu a cabeça, ela estava bem perto. Como os olhos marejados, a boca trêmula. Reação que ele bem conhecia quando ela se emocionava. Nem uma palavra mais foi dita, voltaram para o canto deles e não somente se abraçaram desta vez, a cadência no movimento dos corpos ditava a junção das almas e a felicidade que sentiam naquele momento, cúmplices.
Seriam cúmplices pro resto da vida, ou quem sabe, até o amanhecer...



Conto: O Prazer da leitura - Primeira parte.




O sol já tinha se posto há muito tempo, mas permaneciam no mesmo lugar: Ela deitada no sofá, com as pernas pra cima no encosto e a cabeça caída pra fora das almofadas. Uma posição bem estranha, mas para ela tão normal e confortável que ele nem ligava. Na verdade, gostava de vê-la daquela forma.
Tinha um corpo normal, nada que pudesse dizer que era muito volumoso, porem coxas bem torneadas e firmes. Seu jeito relaxado, tranqüilo era o que ele gostava.  Passaram a noite inteira abraçados, ouvindo musica, vendo TV, cúmplices, muitas vezes sem ao menos dizer uma única palavra sequer. Apenas olhares e gestos. E desde que tinha amanhecido estavam assim. Ora ele levantava e lhe beijava e n’outras ela apenas se esticava, acariciava os cabelos e tornava a beijar docemente seus lábios.
De repente, ela se encolhe no sofá, seus cabelos caem para fora do sofá, como cortinhas abertas e lhe diz cheia de manhas:

- Lê pra mim?

Ele sorriu quase não acreditando no que tinha ouvido. E a ouve dizer mais uma vez, agora ainda mais suave:

-Lê para mim?

Ok, ela vencerá. Ele se levanta e balança a cabeça positivamente e pula do chão onde estava sentado indo buscar um livro no canto da mesa, como se já estivesse certo do que queria ler, e principalmente, ela ouvir. Para, pensa... Mas decide por aquele mesmo.
Quando ela percebe qual era, sorri sozinha de canto de lábios. Um romance policial onde o investigador se apaixona pela assassina, um tanto clichê, mas uma boa narrativa.
Então, seria esse mesmo?

-Tem certeza?  - pergunta ele.

- Ora, escolha você...

Ele se vira e caminha de novo em outro canto da mesa e pega um pequeno livreto na mão e começa calmo, pausado. Em um determinado momento da leitura, para, sorri para ela e continua...

“Nunca tinha visto nada mais belo. Seu corpo moreno, em nada lembrava os lugares onde tinha estado. Era de um tom particular, peculiar pra dizer a verdade, onde em todo o universo, só ela devia possuir. Suas curvas eram normais, mas chamavam a atenção justamente por serem tão normais. Era poética! Quando se movia mostrava uma sutileza, era como uma sílfide caminhando, dançando. Seus olhos cor de mel brilhavam e o seguiam por todas as partes, observando todos os seus movimentos. Ele pedia a ela que se movesse bem devagar de um lado a outro, para que dissesse tudo que mais gostava nela. O que ela obedecia com gosto. Um blues, bem choroso ao fundo, deixava o ambiente mais apropriado. Caminhava ao meu redor, como um animal apreciando sua presa, seu alimento. Olhava-me com ternura e furor ao mesmo tempo. E eu, adorava. Não resisto e peço que retire a roupa. Deliciava-me com cada movimento que ela fazia. Tão devagar que parecia que o tempo estava parando aos poucos. Seu corpo, sua pele, ficando cada vez mais evidente. Estava hipnotizado...”.

Continua...

Carlos Santana & Sarah Mclachlan - Angel (live)






Vendo a TV, ouvi os primeiros acordes desta música, que não ouvia há muito tempo.
Me arrepiei até a cabeça e meus olhos encheram de lágrimas.
Que saudade. Meu deus, que saudade!
Sei o quanto você gosta desta mulher e sei o quanto EU gostei de você e ainda , talvez
quem sabe..."ainda goste" . São exatos 6 meses...


Mas... "por fim, esqueceram-se sem dor".

Quem Gabriel Garcia Marques quer enganar com isso?

Reflexo dos Sonhos


 Um pouco dos meus devaneios postados no recanto...

Um "perfeito" engano.







-Alô!
-Alô, querida. Tudo bem?
-Sim , tudo e com você?
-Também.... ' pausa '.  -Saudade.
'Silêncio'.
- Por que tu faz isso comigo?
-Isso?
-Sim, isso. Me fazer ficar fora de mim.
-Eu faço isso?
-Ah claro! Claro que faz. Estes cabelos soltos, olhar expressivo.
- ....
-Seu caminhar jeitoso e macio, me deixa louco.
-Puxa, nem sei o que dizer , mas eu....
-Não,não fala nada! Você me enfeitiça de tal forma que eu não raciocino direito.
Quero te dizer um monte de coisas ou não dizer nada. Beijar teus olhos, seu rosto,
sua boca desenhada.
- Mas...espera eu acho que você...
-Estou louco? Não, estou muito lúcido. Só fico louco quando estou perto de ti.
- Escuta, deixa eu falar. Será que estas falando com a pessoa certa mesmo?
-Claro querida, claro que estou. Minha flor na primavera . Mas agora eu tenho que ir.
- Um minuto, eu preciso te dizer...
-Não , não diz nada. Deixa tudo assim mágico, como se existisse só este momento e nada mais.
- Ok.
-Um beijo querida, durma com os anjos...
Por alguns segundos ainda segura o telefone olhando bestificada e um tanto corada.
Um risinho no canto dos lábios.
-Quem era amor?
- Não sei querido, era engano.

E enquanto se aninhava ao lado do companheiro de todo dia na sofá para ver o noticiário , pensa nas belas e lisonjeiras palavras que acabara de ouvir , sussurrando:  -  " Mas eu adoraria saber."



Diversas formas culturais...


Nunca se falou tanto em Fernando Pessoa como nos últimos dias, depois que uma certa moça posou para uma revista. Metade da população masculina, tenho absoluta certeza que nunca tinha lido uma linha sobre
FP e acho que vai continuar sem ler , porque milhares de pares de olhos se fixaram nas formas da moça e não nas belas palavras do autor. Sobre as inúmeras mudanças e "travessias" que temos pela vida.
O que é a cultura não? Uma caixinha de surpresas, onde as limitações não existem mais ou talvez nunca tenha existido, mas agora abre um amplo leque de possibilidades de expressar o pensamento do autor.
Muitos devem estar se perguntado: Onde é que minhas palavras ficariam bem, nesta ou naquela pessoa?
Eu ousaria dizer que muitos gostariam de ler obras inteiras que começariam do pescoço e se perderiam por entre os lugares mais escondidos da anatomina humana.
Um trecho de Oscar Wilde em belas formas masculinas....ouso dizer que HAICAIS também figurariam muito bem em alguns lugares. Só não ousaria dizer onde e nem o que, porque tenho imaginação demais pra alguns assuntos. ( mentira, os HAICAIS, nunca foram minha especialidade).
Brincadeiras à parte, as linhas perpetuadas na pele da moça são magnificas e claro, muitos marmajos por aí vão gritar...E COMO SÃO, mas perae...eu vejo pelo lado cultural e não "ESCULTURAL".

E vamos ao que interessa...

Oi, a foto da moça? Dãn...não...o texto de Fernado Pessoa...


 Tempo de Travessia – Fernando Pessoa

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado,
para sempre, à margem de nós mesmos."

Aniversário!!



Quando você foi gerada,  tudo foi muito complicado....
Quiseram te tirar de mim, mas felizmente, perceberam que era inútil.
Você nasceu e tudo ficou muito legal, difícil, mas muito legal.
Chorava horrores e não deixava ninguém dormir, eu na verdade, mas tudo bem...
eu vejo que isso em nada mudou e que deve ser DNA, pois sua filha faz o mesmo comigo.
Tudo que sempre pude fazer eu fiz, talvez esse tenha sido um erro, mas
agora, nada se pode fazer né?
Sempre batendo o pé com tudo e fazendo as coisas de uma forma que fosse contra tudo
que todo mundo queria dizer, inclusive você mesmo Às vezes.
Mas enfim, você cresceu e se tornou mãe e mulher.
Muitas vezes, parece mais uma menininha assustada e mimada, mas tudo há de se resolver
em tenho certeza.
Parabéns!!
Que você tenha fé, amor , coragem pra continuar e que pelo amor de tudo que existe de mais
sagrado, abra mais o peito e os ouvidos...
Nunca ninguém vai dizer nada que seja pro seu mal...pelo menos eu, não.

Te amo!!

Voz Do Silêncio -




 Para Henrique....

Voz Do Silêncio - 

Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.
Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,  quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.
E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem

Martha Medeiros 



"Eu sinto sua falta, e o que me entristeceu, foi você nunca ter sentido a minha"

At last!!



Ontem o frio congelou o meu cérebro e não pensei com clareza. Busquei tua roupa guardada no fundo do meu baú e lembrei...Lembrei de tudo até derreter os meus miolos de tanto pensar e do calor aconchegante do meu edredom.
Do dia que me deste aquela roupa e principalmente do teu corpo que preenchia o réles pedaço de pano, já um  um pouco manchado e surrado. Mas estranhamente, ele me aconchagava e ajudava me esquentar. Detalhes de uma tarde quente, ardente e carregada de emoções e despedidas.
Dos teus olhos brilhantes , do teu corpo suado e da tua voz sofrega...sussurrando palavras desconexas , mas ao mesmo tempo tão conectadas na nossa mente que apenas um olhar nos fazia identificar o que um e outro queria.
Após momentos de entrega e abnegação do mundo, ela preencheu teu corpo , a peça tua , agora minha...parte dele apenas, pois suas formas masculinas ficaram a mercê do sol, do vento e do meu corpo que lhe amparava e velava o repouso. E eu, já quase enlouquecendo só de pensar na saudade, pois em breve seriamos separados pelo tempo, pela vida e por estradas diferentes.
Os teus braços seguravam minha cintura, enquanto repousavas a cabeça no meu peito. Tranquilo e doce como os momentos que tinhamos passados naqueles dias.
Saudade...palavra linda com um toque de crueldade.
Só quem viveu e sentiu isso é que sabe o quanto é complicado administrar tais memórias.
Tirei a roupa, guardei no mesmo lugar, por um tempo, ou muito ou quem sabe , pra sempre!
Enfim...dormi!



 * ... anyway, que aconteça, que deixe marcas boas ou más, lembranças tristes ou alegres, n'importe quoi.Que deixe material para o baú da memória,penso sempre assim, até nas maiores saias justas ... "


CFA