Espasmos

- Vai, você consegue.

        Tira tudo, anda!
 
Passam-se alguns intermináveis minutos de silêncio absoluto e nada.

- Vamos, não tenho todo tempo poxa.

Aquilo tava virando um suplício, uma agonia sem tamanho. Era tudo tão simples, um minuto e ZAP. Tirava tudo, mas acho que o prazer misturado com angustia da espera dava aquele friozinho na barriga.
Seu olhar continuava fixo, mas seus movimentos congelados como se fosse uma tela de vídeo em "pause".
Por que parecia tão difícil? Tá, era mesmo difícil, poderia mesmo lhe causar uma dor, uma sensação de vazio.  Era um gesto, ou sei lá, talvez "alguns", mas poxa!? Não era isso que queria?

- Tenta mais uma vez, arrisca!

Aquilo tava ficando tão chato, já tinha imaginado tudo como deveria ser feito:

*vai lá, olha, presta atenção, se concentra e manda vê*

-Super normal.

Mais um ensaio e eu já ficando impaciente. Comecei a pensar em tantas coisas e de repente, um clique. Os dedos começaram a se movimentar numa destreza tão grande. Uma , duas, três, aos poucos tudo ia se acabando. Ei...calma, vai devagar, deixar eu me deleitar um pouco com essa decisão. Afinal, te atormentei tanto com isso e não to conseguindo ver nada.

E eis, que pára. Estaciona de novo. Seus olhos perdidos em uma unica coisa...só falta um pouco vai...vamos, acaba com isso por favor, que suplício.

E então, o sorriso. Maroto, certeiro. Diria até faceiro. Como num letreiro luminoso de boate piscam as seguintes palavras.

'CAIXA DE MENSAGEM VAZIA'.

Ah até que enfim.Consciência limpa, agora é hora de recomeçar.