Conto: O Prazer da leitura - Primeira parte.




O sol já tinha se posto há muito tempo, mas permaneciam no mesmo lugar: Ela deitada no sofá, com as pernas pra cima no encosto e a cabeça caída pra fora das almofadas. Uma posição bem estranha, mas para ela tão normal e confortável que ele nem ligava. Na verdade, gostava de vê-la daquela forma.
Tinha um corpo normal, nada que pudesse dizer que era muito volumoso, porem coxas bem torneadas e firmes. Seu jeito relaxado, tranqüilo era o que ele gostava.  Passaram a noite inteira abraçados, ouvindo musica, vendo TV, cúmplices, muitas vezes sem ao menos dizer uma única palavra sequer. Apenas olhares e gestos. E desde que tinha amanhecido estavam assim. Ora ele levantava e lhe beijava e n’outras ela apenas se esticava, acariciava os cabelos e tornava a beijar docemente seus lábios.
De repente, ela se encolhe no sofá, seus cabelos caem para fora do sofá, como cortinhas abertas e lhe diz cheia de manhas:

- Lê pra mim?

Ele sorriu quase não acreditando no que tinha ouvido. E a ouve dizer mais uma vez, agora ainda mais suave:

-Lê para mim?

Ok, ela vencerá. Ele se levanta e balança a cabeça positivamente e pula do chão onde estava sentado indo buscar um livro no canto da mesa, como se já estivesse certo do que queria ler, e principalmente, ela ouvir. Para, pensa... Mas decide por aquele mesmo.
Quando ela percebe qual era, sorri sozinha de canto de lábios. Um romance policial onde o investigador se apaixona pela assassina, um tanto clichê, mas uma boa narrativa.
Então, seria esse mesmo?

-Tem certeza?  - pergunta ele.

- Ora, escolha você...

Ele se vira e caminha de novo em outro canto da mesa e pega um pequeno livreto na mão e começa calmo, pausado. Em um determinado momento da leitura, para, sorri para ela e continua...

“Nunca tinha visto nada mais belo. Seu corpo moreno, em nada lembrava os lugares onde tinha estado. Era de um tom particular, peculiar pra dizer a verdade, onde em todo o universo, só ela devia possuir. Suas curvas eram normais, mas chamavam a atenção justamente por serem tão normais. Era poética! Quando se movia mostrava uma sutileza, era como uma sílfide caminhando, dançando. Seus olhos cor de mel brilhavam e o seguiam por todas as partes, observando todos os seus movimentos. Ele pedia a ela que se movesse bem devagar de um lado a outro, para que dissesse tudo que mais gostava nela. O que ela obedecia com gosto. Um blues, bem choroso ao fundo, deixava o ambiente mais apropriado. Caminhava ao meu redor, como um animal apreciando sua presa, seu alimento. Olhava-me com ternura e furor ao mesmo tempo. E eu, adorava. Não resisto e peço que retire a roupa. Deliciava-me com cada movimento que ela fazia. Tão devagar que parecia que o tempo estava parando aos poucos. Seu corpo, sua pele, ficando cada vez mais evidente. Estava hipnotizado...”.

Continua...

1 comentários:

Douglinhas disse...

Aguardo ansiosamente pra ler a continuação disso tudo... beijos e boa semana!

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