Chega de tocar nas chagas do meu peito tão dilacerado ainda pela crueldade de que se é capaz alguns seres que nesta tão formosa terra habitam. Mas creio que , se Deus é infinitamente soberano e possui os olhos que tudo vê. Nada que fiz ou vivi, foi em vão. E tudo será esclarecido, ainda que em outra
vida. Eu ainda sou um ser humano muito, muito falho, pois sempre espero alguma coisa em troca daqueles que fiz alguma coisa por pura vontade. E isso, não é legal.
Enfim...sou falha e tenho muitas encarnações nas costas ainda e pra coroar esse desfecho,
nada como palavras tão sábias daquela que tem ilustrado bem meu dia a dia.
Florbela Espanca!
Ódio
Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo d’outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não... não vale a pena...
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