O caso da rua Cinco - Segunda parte

  Mesmo me concentrando, as coisas ainda não pareciam claras, talvez eu estivesse cansada e ate um pouco bêbeda eu diria. Afinal, mudei da água pro vinho. Ou deveria dizer do café para o vinho? Ah, isso não vinha ao caso.  Olho fixo para tela e vou me lembrando de todos que estavam ali. Nada parecia que deveria ser levado em consideração e isso era o que mais me intrigava. Decidida, digo:

- Ok, voltemos aos fatos.

Há muito tempo não se ouvia falar em crimes incomuns, digamos assim. Tudo era sempre tão óbvio que nem tinha graça olhar a pagina policial, mas aquele sem duvida era intrigante.  A forma peculiar e a sutileza das ações. Era o que chamava atenção. Se acreditasse nisso, diria que as vitimas poderiam passar por uma espécie de ritual sei, lá. Mas isso seria surreal, e surreal idade não estava em questão. A coisa era bem real mesmo. Ninguém via nada, ninguém ouvia nada. Seria o que? Medo ou um assassino conhecido?  Esse foi o principal motivo que me levou até aquela espelunca. Além da falta de juízo claro, os rumores de algo estranho no ar, era o que me guiava, pra isso nem a cabeça cheia de tequilas era desculpa. Porem, quando entrei, o que vi foi um cenário mais que comum. Homens mal encarados, mulheres me olhando de lado com raiva como se eu fosse roubar seus clientes, o de sempre para um lugar como aquele. Aparentemente, tudo tão comum que poderia ser impossível algo ter saído dali.  Olho-me por alguns instantes e me recrimino por ter exagerado um pouco na roupa, isso poderia chamar atenção. O barman já me encarava como que dizendo: “Vai pedir ou se manda”. Isso seria complicado, pois ele não tinha cara de muitos amigos e nem tampouco que me responderia alguma pergunta. Se é que eu já sabia o que perguntar de fato, pois minha cabeça fervia. Do jeito que estava poderia virar pra ele e dizer, qual é teu nome, que time torce? Claro, com a voz bem grossa e intimidadora. Mas longe de chegar onde queria.

 -Tequila, por favor!

Procurava olhar tudo e todos, mas ao mesmo tempo, era tudo tão vago, pois o que tinha se visto naquele beco da Rua Cinco, não era coisa de amador. Os dois corpos encontrados tinham a mesma característica, não possuía uma marca de violência, nem um hematoma, nada. Um homem e uma mulher. O que seriam eles? Traficante, prostituta? Pessoas comuns no lugar errado e na hora errada, principalmente com a pessoa errada? Ambos tinham uma única coisa em comum, e esse era o fato mais assustador. O liquido que evaporava dos poros. Espesso, carmim.  Sem duvida, quem fez, sabia bem o que estava fazendo e como fazer, pois nada encontraram nos corpos, a não ser um alto teor de álcool. Já me preparava pra levar a bebida aos lábios quando uma voz metálica e uma respiração quente na nuca me chama a atenção.

-Devo dizer senhorita que, Chanel no pescoço e nos pés, não são tão comuns por aqui. Alias, devo dizer que, nem um pouco comuns.

De sobressalto, volto de meus devaneios. - Hunf, que droga! Eu sabia que estava exagerando, porque não me apresentei para fazer os votos franciscanos? Ta, ta, me lembrei: Sou mulher. Mas e daí? Termino de tomar a bebida e respondo sem ao menos virar:

- Talvez tenha subestimado o lugar, achei que só encontraria bêbados, ignorantes e prostitutas. Mas digamos que ainda não terminei o meu julgamento. Mas  posso sem sombra de duvida, mudá-lo.

Ao virar me deparo com um par de esmeraldas, cujo brilho poderia sem duvida cegar um ser humano, mas eu, bem, era humana, mas estava vacinada.

Continua...




3 comentários:

Angelo disse...

Uau!

Esperando o To be continued...


Coisa de artista. ;)

Viviane Freitas disse...

Esse finalzinho deixa um clima hot no ar... Adorei! E gostei muito de saber mais detalhes do crime. O que me deixou muito intrigada!
Sem marcas, sem hematomas! OMG! Preciso da continuação :D

Beijos!

Felipe. disse...

Olá, Robs, tudo bem?
Já visito seu blog há alguns dias, conheci você pela Vivi e simplesmente adorei o fato de ser apaixonada por textos policiais. Seguirei você e estou igualmente ansioso pra conhecer a continuação dessa história. Bem intrigante por sinal, parabéns! rs
E ah, muitíssimo obrigado pelo seu comentário no meu blog, fico muito grato pelas suas palavras.
Grande beijo.

Postar um comentário