Recapitulando

Em algum lugar do mundo, em qualquer dia do calendário e o ano que eu quiser que seja.

Começo sempre incerto para meus escritos, mas era assim que eu gostava de colocar nas anotações quanto não queria que ninguém na verdade as descobrisse.
Eu não tinha conseguido desvendar aquele caso.  Tudo parecia estar em minha frente, evidencias e provas, cenas, coisas desconexas e indícios que, puxa... Teriam que se encaixar mais nada.
Lia e relia tudo e o que eu via era um bando de anotações sem nenhum sentido.
Resolvo então que esse seria um caso encerrado. Não quero mais, não vejo mais, não posso mais.

- Rua maldita. O que eu tinha que fazer naquele beco?

Na verdade, eu deveria era me amaldiçoar, visto que acabei com aquela garrafa de scotch sozinha, sem ajuda nem do copo.
Empurro o lap top e saio até o outro lado da mesa. Apanho a garrafa térmica, pois desde aquela noite, havia trocado meu vicio. Café, era sem duvida mais barato e menos ofensivo. Algumas vezes até me clareava a mente. Chacoalho a bendita e nem uma gota se quer, mais uns passos e chego à cafeteira. Estranho que alguns movimentos pareciam tão mecânicos e estudados que chegava a ser irritante. Encho a xícara e volto a me sentar em frente às anotações.
Algumas coisas não faziam sentido, mas ao mesmo tempo eram tão obvias...
Eu não conseguia pensar com clareza, um passado há tanto esquecido rondava minha porta, como almas penadas perdidas por esse mundo, porem, essas nem umas simples conversa com seres mais esclarecidos fariam com que saíssem de perto de mim, ao contrario, insistiam tanto em rondar a minha mente que algumas vezes queria era calar de uma vez essas vozes.

- Pensa criatura, pensa. Tem que ter algum motivo para que estivesse ali.

Se ao menos ela ainda fosse aquela de outrora. Mas seu pacto com o obscuro há muito tinha lhe tirado os poderes. Mais uma coisa para se arrepender ou uma das únicas que se orgulhar?
Era evidente que aquela situação me faria enxergar certas evidencias com mais clareza, mas não, agora era tarde demais.
Passado, passado... ele poderia ter levado minha memória junto quando me devolveu a vida comum.

Mas ele disse: - “Não pense que isso saíra barato para ti princesa, nunca. Vais lembrar isso para o resto da vida imbecil que vais levar daqui pra frente”.

Ah ele sempre sabia, sempre. E sua advertência ressonava na minha cabeça como o tic tac insuportável do relógio...tic tac tic tac.... medíocre , medíocre, mil vezes medíocre.
Levo a caneca aos lábios, seca!
Droga, nem café eu posso tomar mais. Abaixo- me e lá esta ela, uma pequena garrafinha escondida, guardada para ocasiões como aquela.

- Ah querida, venha me ajudar. 

Eu precisava pensar, e pensar como humana. Ainda me restavam alguns resquícios de imortal, mas nada era como antes, nunca NADA mais seria como antes.

Metade do liquido quente da garrafa desce por minha garganta quente, entorpecente, confortável até eu diria.  Reviver memorias, nem sempre era uma tarefa fácil. 

0 comentários:

Postar um comentário