Um exemplar de um livro estava pousado em seu colo enquanto seu olhar se perdia nas gotículas que caíam na janela. De forma sútil ela volta a olhar para o livro , de capa vermelho escarlate, com letras em ouro, presente de uma pessoa querida que já não existia há muitas e muitas eras.
Na contra capa, a dedicatória em letras miúdas e bem desenhadas: "Para o amor da minha vida, a verdadeira rainha", ass. R S
Na contra capa, a dedicatória em letras miúdas e bem desenhadas: "Para o amor da minha vida, a verdadeira rainha", ass. R S
Não posso deixar de lembrar do dia que me deu o exemplar , tirando de sua própria biblioteca.
Suas mãos acariciavam o livro como se acariciasse a própria alma e um longo suspiro escapa de seus lábios.
- Para ti minha rainha. Guarde mais um pedaço de mim!
Seus olhos negros, sempre tão duros, brilharam de emoção ao entregá-lo a mim. Os meus, que há muito não ficavam úmidos, experimentaram em décadas o que poderia ser uma lágrima.
Nada mais dissemos, apenas amamo-nos ali mesmo entre os livros, entre cultura e coisas antigas, reflexos do que éramos.
Deixando os devaneios de lado, abro a segunda página e início pela milésima vez a leitura.
'ALEXANDRIA, o ano era 69 a.c . O que parecia apenas mais um bebê, era o início de uma época, onde o mundo conheceria a mais bela e mais intrigante rainha de todos os tempos...'
Seus olhos e sua mente já estavam tão acostumadas aquela historia que parecia que uma voz no íntimo lia pra ela, narrava fatos e cenas com tamanho detalhe que em dado momento fecha os olhos, repousando a cabeça no encosto do sofá, perdendo-se nos pensamentos.
'Olhava maravilhada para aqueles braços musculosos e aquele olhar sedutor, enquanto ele lia pausadamente pra ela.
- Ouça minha rainha, ouça com atenção!! Pois sabes que esta é a historia daquela que certa vez tentou roubar-me de ti antes mesmo de eu saber que lhe conheceria.
E então ele gargalhava feliz e me tomava nos braços, afagando meus cabelos e beijando meus olhos como sempre fazia. Apesar de tudo que havia acontecido, eram noites felizes e aproveitávamos o que conseguíamos. Naquela noite ele leu mais um pouco e num momento onde eu nem esperava, jogou longe o livro e me pegou em seu colo beijando-me com volúpia. Seus olhos estavam vermelhos e sua força era maior que 5 lobos juntos. Apertava-me em seus braços másculos como se pudesse quebrar os ossos que ainda tinha em meu corpo. Eu poderia jurar que a respiração me faltava e nem um músculo do meu corpo movia-se em recusa. Todos se entregavam ao amor insano daquele que tinha roubado-me o coração, a vida. Eu era dele e de ninguém mais no mundo e nada, nada mais me importava. No mesmo instante que sinto seu corpo invadindo o meu, seus dentes pontiagudos e cortantes rasgam a minha carne, roubando-me mais um pouco do néctar da vida. Com a boca escarlate ainda o escuto dizer: - Ma petit, mon amour!
Foi a última noite que passamos juntos, logo depois de amá-la, um embuste e sumiu para nos polpar de acontecimentos alem da nossa compreensão.
Um longo suspiro escapa dos lábios da mulher, e poderia jurar que uma lágrima negra descia dos seus olhos caramelo. Devagar ela deixa o livro de lado e já ia se levantando quando olha no canto da almofada onde uma imensa rosa vermelha estava depositada.
Mesmo há séculos desaparecido, ele ainda a surpreendia e a deixava em êxtase.
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