A realidade de um coração trancado


Certo dia, encontrei alguém que gosto muito, mas uma pena que vejo apenas uma vez ao ano fisicamente e as demais, somos separados por uma tela de 14’ colorida, com ótimo som, mas sem o requisito básico de todos ser humano, toque. Enfim...
Conversávamos sobre vários assuntos quando eu lhe disse que de uma época para cá, sinto preguiça de gente. Ele me olhou com aquelas suas bolas de gude verdes e riu, querendo saber o porquê de tudo isso.

Expliquei, que não tinha mais paciência para relações humanas, onde eu tivesse que me mostrar, esperar a pessoa me avaliar, dizer sou assim ou sou assado.
Fazer com que ela veja e entenda quem eu era e como eu vivia. Sei que parece coisa de gente preguiçosa, mas não é isso. Obvio que você não vai conhecer uma pessoa hoje e ela vai entender você tal qual você seja, ao contrário, leva um tempo para que isso aconteça, porque nem sempre conhecemos as pessoas que estão a nossa volta como pensamos que conhecemos.

Costumo dizer também, que as coisas não têm sido muito fáceis nesse aspecto e sei que sou muito exigente, ao ponto de não tolerar muitas coisas, aí entro no quesito “eu não tenho paciência para conhecer como vou me mostrar? ” Sei que tudo isso é uma fase que tende a passar, mas é como se eu tivesse me acostumado a não ser notada. Mais um ponto a ser analisado. Talvez em outro estudo.
Tenho um prazer quase que absurdo por coisas complicadas, ou na verdade, costumo dizer que gosto do complicado, porque não tenho que me responsabilizar tanto por aquilo, confuso me parece isso, diria nosso querido Yoda.

Sei que não vou esbarrar numa pessoa na esquina e ela vai saber quem eu sou. Sei que não vou falar com alguém ao telefone e ele também vai saber quem eu sou, claro que isso poderia acontecer, mas acho que o que está reservado para mim não é relacionamento de contos de fadas.
Príncipes estão em baixa, sapos em alta!

Confesso que sinto falta destas paixões que assolam seu coração e te deixam perdidas. Não insanas, mas perdidas de paixão, vontade, amor que seja. Pois acredito fielmente em várias formas de amar. Gosto da sensação que esta pessoa me causa quando aparece em minha vida, ele diz o que gosto, faz o que gosto, me faz dar risada e vai viver a vida dele, isso é aquele típico caso do algo passageiro e sem futuro. Sou adepta algumas vezes da filosofia Cazuziana de “mentira sinceras me interessam”, mas desisti de ter “ migalhas dormidas do pão de qualquer um”. Agora, porque me identifiquei tanto com ele, não sei dizer, acho que porque ele consegue ser mais fechado que eu mesma. Porque nos identificamos logo nos primeiros minutos em todos os aspectos. Perto dele, sou um baú aberto, escancarado diria, mas um baú que acredita que nada nessa vida é por acaso e ele estar na minha, sabe-se lá até quando, tem um porquê, é uma eterna lição, coisas de professores e alunos.

Sei que no fundo, algo pode estar sendo preparado para mim, me apego nesse estudo e peço a espiritualidade, que me conforte o coração e me faça esperar, mas por favor, abra meu coração novamente e me faça enxergar além daquilo que eu vejo. Nunca mais amei ninguém, e devo dizer que as vezes nem a mim mesmo como deveria. Porque me apego a coisas que sei que lá na frente me farão sofrer, como trabalhar demais por exemplo, mas são períodos de necessidades. Que me abalam e me machucam nesse momento.

Sinto falta de algumas pessoas que depois que resolveram viver sua vida, podem ter me achado prejudicial a delas, mas tudo tem um porque, eu acredito! Que todas sejam felizes à sua maneira.

Alguns dias eu sinto tanta a falta daquele que se apossou de parte de mim e sumiu. Mas novamente, penso na oração tão sabiamente nos ensinada “ livrai-nos Senhor de todo mal...”. Acho que isso na verdade não é bem um post certo? Trata-se mais de um desabafo do que estudo propriamente dito.

Sinto falta também de escrever sobre o amor também, fiz tantos contos narrando histórias de amor, casos de paixão.... Minha última ainda não está pronta, mas logo ficará. Acho que é um espelho do meu desejo, do que eu sonharia para mim novamente.Um dia, uma hora eu posto, termino de escrever, porque ainda quero fazer mudanças nele.

Não espero que ninguém leia isso, acho que escrevo apenas para mim mesmo. O meu momento é frágil, estou extremamente triste com algumas situações e me desnudar deste jeito acho que não me faz melhor, só alivia, sei lá.





Apenas mais uma da vida

Há anos, eu tento fazer com todas olhem e caminhem com seus próprios olhos e pernas, mas nem sempre essa é uma tarefa fácil.
Nos últimos tempos tem sido  bem confuso, pois o nem todos ainda aprenderam o significado do ditado "uma boca e dois ouvidos", pois é está uma das lições mais confusas para alguns.
Eu tenho tentando e muito resolver esses lances na minha vida,  ensinando mais e aprendendo muito mais ainda, mas puxa... como é confuso.
A mesma lição eu ensino aqui em casa. Ouça mais e fale menos, preste atenção nas lições da vida porque elas serão muito úteis em breve, mas não escutam.
Até quando eu vou ter que lembrar que todos crescem e viver de magoas do passado de nada fará seu futuro melhor.
Nas minhas palestras na casa espírita eles sempre nos dizem que, como nosso corpo é feito de quase 80% de água, as "má águas" que ficam retidas nele só tendem a nos fazer adoecer muito mais.
Gostaria de gravar tudo que ele fala sobre os nossos problemas físicos que antes de atingirem nossos órgãos , atingem primeiro nosso espírito, nossa mente.
Alguma coisas eu me lembro, como dores nas costas, onde interpreta-se que a pessoa quer carregar o mundo nas costas e não deve. os problemas uterinos, relacionados aos problemas e inconsistências sexuais. Enfim, não consigo me lembrar de tudo. mas tenho minha filha mais velha como exemplo, pois ela tinha um quadro horrível de ovário policístico e hoje ela não tem nada.
Eu penso que você realmente é aquilo que você pensa e atrai pra si, direta ou indiretamente.
Claro, que  nem todos somos iguais, mas a grande maioria pensa e age assim.
Você é nada mais nada menos do que aquilo que escolhe pra si. Escolhe ter demônios ou anjos como guia., escolhe qual caminho é mais curto e qual á mais certo.
Isso que tento fazer com que vejam. Óbvio também que sei que nem todo ser humano é igual , forte e sobretudo corajoso para seguir as provações da vida. Essa na verdade é a beleza do livre arbítrio. São suas consequências, suas decisões.
Acredito também que o mal do mundo hoje em dia é a depressão, mas acredito também que um ser supremo que habita em cada um de nós, não permitiria que fossemos destroçados por nossas ações.
A vida é uma escola imensa e cheia de possibilidades de aprendizado.
Vários personagens que passam por ela nos ensina o que é certo e o que não é, nos mostra como seguir e sobretudo como NÃO devemos ser, cabe a cada um de nós saber interpretar o caminho.
Gostaria muito que as pessoas não demorassem tanto para entender tudo que é necessário, mas isso vai do entendimento de cada um e do tempo de cada um.
Eu felizmente, 70% do entendimento de vida eu já tenho, mas ainda há muito que aprender, que entender. Tenho exemplos vivos em minha casa. Pai, mãe, filhas...
Sei que todos tem achado meu comportamento errado, mas não faz muito diferença , pois sei que estou no caminho certo.
Preciso viver mais pra mim, menos por outros... sem esquecer que tenho responsabilidades para com todos que escolhi viver em minha rede de família, amigos e etc.
Agradeço a todos que passaram, que estão e dos que ainda passarão em minha vida, pois só assim eu vou poder continuar o meu estudo de vida e que Ele em toda sua magnitude não me desampare e me ajude a entender qual o propósito que tem para mim.
Estes dias, apenas para finalizar, na nossa palestra da última segunda, nos perguntaram se ao invés de agradecer tudo que temos ou até mesmo alguns que pedem tudo a Jesus, se nós já nos oferecemos a Ele para qualquer coisa, eu, na minha modéstia ou mesmo timidez, não me manifestei, mas sempre digo a Ele que quero seguir o que ele tem pra mim, que eu possa de alguma maneira , ser instrumento dos ensinamentos que Ele tenha pra mim.

Que assim seja.



Desejos...

Tem dia que eu sinto saudade de tudo.

Principalmente daqueles dias em que  tu chega e ao invés de me arrumar, me bagunça mais ainda.. 

Bah....Nunca  gostei tanto de ser gaveta! 





Fio Maravilha

Hoje, um músico conhecido (adorável por sinal) fez uma postagem em sua timeline que causou verdadeiro furor, pois todos nos perguntamos, como poderia ser aquilo e onde estavam os " objetos " estudados.
A matéria dizia que os melhores homens para namorar são os pobres. Então a pergunta que ficou vagando lá foi, mas onde estão os homens, ainda que pobres?
Homens tem aos montes, pobres de espírito, pobres de cultura ( porque querem, vejam bem), pobres de sonhos! Os pobres financeiramente falando, mas ricos de cultura, educação, gentileza e outras coisas que só se revelam com o tempo, então... mamãe, nem cheiro.
Mas o que acho na verdade é que brincadeira e comparações a parte, não existe mais ninguém disposto a ter algo mas sincero e gostoso com ninguém.
Pelo menos, é  o que parece, sei lá, posso estar errada.
Mas também, tenho mantido uma parte da minha fé inabalável (ou quase) , com relação aos meus futuros relacionamentos.
Acredito que desde que apaguei tudo que era relacionado ao cara que amei nessa vida, de verdade, um parte do céu se abriu e eu passei a ver as coisas de outra forma. Há muitos anos eu já não sentia nada, mas parece que sempre se tem um cordão invisível que parece te ligar a este ser que NUNCA te deu realmente credito pelo seus sentimentos, enfim... that's all. Passado.
Sempre olhei pras pessoas mas nunca as enxerguei como deveriam.
Outro dia no shopping, passei por um moreno lindo e disse isso de uma maneira que ele, que estava olhando  pra mim na mesma hora que estava terminando a frase, conseguiu entender e cumpri o que disse, passei e me virei e o que me esperava? Um belo sorriso esperando eu me virar e cumprir o que havia dito.
Olhei sem culpa e com muito prazer, não o da carne, mas o do bem estar. Da doçura e naturalidade do ato.
Esqueci algumas caraminholas e cada vez que lembrava do sorriso, sorria junto...
O tempo passou e não o vi mais.
Ai, hoje, no mesmo shopping e entre escolhas de restaurantes e fila, outro fato esquisito.
Um rapaz parado, conversando com outras pessoas me olha eu retribuo, ok! Normal, mas algo nele era tão familiar que comento com meus amigos que o rosto dele não era estranho.
Quase na saída, eu o encontro sentado e ainda olhando pra mim, e já me pergunta. Nós não nos conhecemos? Seu rosto me é tão familiar. Respondi que tinha a mesma impressão, mas que não fazia ideia de onde. Engraçado era ele dizer uma lista de lugares e eu não, não, não.
Minha vez: joga tênis? Já foi em algum torneio? Não, não.. Meus Deus, ele disse... tenho que lembrar de onde nos conhecemos.
Eu respondi que também, sai e fui me sentar.
Não trocamos telefones, não nos falamos mais, mas confesso foi bem esquisito e eu estou aqui até agora, tentando entender.

Destino, destino!

És tão maroto com a minha pessoa, não?

Mas o que eu penso na verdade com tudo isso é que, quando se está mais desligado, desencanado e tudo que todo mundo cansa de dizer, realmente, você enxerga tudo diferente.

Vou dormir feliz, pois ainda me lembro do sorriso de um, da cara de desespero do outro querendo lembrar de onde me conhece e daquele que me arruma e me bagunça porque gosto de coisas erradas.

Um dia, esse mesmo destino que tantas peças me prega, ainda vai deixar de dar essas bolas na trave e fazer um "gol de ouro, um verdadeiro gol de placa"!!!






Rendez Vouz à Roland Garros.

Foi uma semana e tanto!!

Uma pena aproveitar tão pouco a companhia, mas tão gratificante trabalhar para que eles ficassem bem instalados e alimentados, que compensa. rs. 
Uma pergunta sempre frequente nos eventos juvenis: "Tia onde é almoço? Tia, tem ticket para jantar? Quem perdeu ainda tem ticket? "
Cada um dos 32 que estavam ali, tem história comigo nos juvenis, uns mais outros menos, mas igualmente queridos por esta tia.
Cada sorriso, cada cara de cachorro pidão e abandonado e os 59 beijos que recebia cada vez que um certo menino entrava na tenda...?(essa carapuça serve para o querido Gabriel Boscardin) que não é só o irmão do Pedro Sorriso Boscardin, mas um menino encantador e carinhoso. 
Cada abraço e cada lágrima de despedida vale e muito. Até os golpes que me dão e pensam que eu não sei, valem demais.
Posso não ter ficado o tempo todo com vocês, tirando fotos, caminhando, etc. e tal, mas o café da manhã, pequenos intervalos no players louge e algumas poucas fotos fazem diferença.
Afinal, eu tenho que manter a minha pose de tia-mãe, se não vocês perdem o respeito pela minha pessoa e não me obedecem mais e nem ouvem meus conselhos.
Felizmente vê-los crescer e ver o rumo que cada um quer seguir é gratificante sempre.
Obrigado por escreverem linhas importantes no livro da minha louca vida.
Óbvio que eu, como tia coruja, gostaria de ver todos jogando no glamour de Roland Garros, em uma quadra perfeita em frente a Torre Eiffel, mas a vida não é assim e segue.
Há anos me tiraram vocês, mas sempre serão lembrados por mim como minhas eternas crianças, até aquelas que há muito já deixaram de ser crianças e estão se tornando adultos.

Parabéns a todos que igualmente são amados por essa tia.

*"Mais si vous me apprivoises, nous aurons besoin de l'autre.
Vous serez unique au monde pour moi. Et je vais être unique dans le monde entier.
Ne voit bien qu'avec le cœur, l'essentiel est invisible pour les yeux ».

Le petit Prince

*“Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. 
Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo.
Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.”

O pequeno príncipe

Merci!! 

#RendezVouzaRolandGarros




foto: Cristiano Andujar 

Um desafio para Charlotte

Tanto tempo havia se passado que mal se lembrava de todos os acontecimentos de sua vasta existência. 
Não, estava mentindo. Séculos passavam pela sua mente em fração de segundos e ela mentiria descaradamente se dissesse não lembrar de nada. Coisas ficavam adormecidas, mas nunca esquecidas, bastava uma fagulha pra incendiar pensamentos. Assim ela caminhava noite a dentro, pensando e repensando fatos que teimavam em rondar sua mente secular. Inacreditável como ainda era encarada com admiração e medo por todos que cruzavam seu caminho. Isso porque há muitos e muitos anos as pessoas não falavam sobre coisas do tipo que ela era, então mal notavam.  Com uma beleza enlouquecedora e olhos mais negros que a noite, ela caminhava absorta e digamos até desatenta com tudo à sua volta. Captando apenas alguns olhares furtivos enquanto ela passava.

- Vontade de saltar até a torre mais alta e escura e observar as estrelas de uma forma que só os antigos sabiam. (dizia ela a si mesmo) - Mas na falta de torres de observação, fico por aqui mesmo. (diz já puxando uma cadeira numa mesa num conhecido Bistrot que ala frequentava, onde o garçom vendo-a, já vinha trazendo uma taça de vinho tinto).  - Merci.

Toma um gole do vinho, voltando aos seus devaneios. Felizmente, a vida se assim  pode dizer, sempre lhe fora generosa e sua falta de decoro em alguns negócios nunca fora um problema pra ela, afinal, esse era seu maior trunfo, persuadir pessoas e tomar aquilo que queria pra si.
Sapatos caros, roupas, bolsas, viagens, as melhores bebidas. Todas companheiras inseparáveis durante todo aquele tempo. Casos passageiros, sexo sem compromisso. Sorri ao se lembrar de quantos levara pra cama com uma lábia que só os da sua família possuíam. Homens, mulheres, homens e mulheres que se amontoavam em seu leito se deleitando em prazer e bebida.  Ao amanhecer, alguns jaziam sem vida e outros, poupados, mas com uma mente sem lembranças. Vazio.
Mas o que era isso pra ela? Nada! Desde que ele a deixou, nunca mais foi completa. Seu coração sem vida havia se fechado para sempre e as luzes daquela cidade sempre lhe traziam lembranças.

- Mas que tola estou sendo. *vira os olhos em sinal de desaprovação aos seus próprios pensamentos* 

- Mon amour fatalmente me recriminaria por pensamentos tão tolos e pior, ainda diria que nada como uma boa dose de sexo regado a muito champanhe para dissipar os pensamentos.

- Eu concordo. Sexo e champanhe são combinações perfeitas para uma mente em conflito...

A voz doce e metálica, surgira por de trás dela sem que ao menos ela percebesse tal aproximação. Realmente, estava se tornando uma tola. Uma velha tola e desatenta.  

-  O que pode se tornar ainda mais conflitante, pois nunca se sabe o resultado de tal ato. – Diz virando-se devagar e graciosamente. Mas tamanha é sua surpresa que seus olhos de predador a traem e brilham mais que as estrelas do céu. Em segundos ela o mede, sua pele morena brilhava à luz da lua. Seus olhos castanhos eram de um brilho e de uma força que ela nunca vira igual, ou melhor, só uma vez em séculos. Cabelos negros e levemente compridos, denotavam sinal de displicência e charme. Ele era alto e nem seus sapatos de saltos altos feito sob medida para seus pés, ficavam a altura do estranho a sua frente.

- Explique-se. *diz o homem que sem cerimonias, já puxava uma cadeira para sentar-se*.

- Ora Cavalheiro, não há muito que explicar, as conclusões são obvias como equações matemáticas. 

  Ele arqueia a sobrancelha esperando que ela explicasse melhor. Ela impulsiona um pouco o tronco para frente e diz com a voz calma e melodiosa.

- Simples. Sexo, tal qual a champanhe, seduz e inebria. Para uma mente cheia de dúvidas isso pode ser uma arma e tanto. *ele esboça menção de falar, mas ela o cala com o dedo* - Escute, digamos *falava pausadamente* que tenha sofrido algum dissabor seja ele de qualquer tipo, e convida ao seu leito, mulheres ou uma mulher, para se distrair, achando que seria só mais umas ou uma, que seja, tudo isso regado ao champanhe mais caro e mais gelado que existisse no mundo...
 Ele a olhava atento, sem perder nenhum gesto dela.

-...Então percebe que tudo ali está tão delicioso e perfeito, que seus dissabores se dissiparam por completo, aquela mulher ou aquelas mulheres *sempre dava ênfase no plural* foram tão boas, tão sexy's e tão certas quanto as bolhas do champanhe. E ao amanhecer, você só consegue pensar em como aquela morena de olhos profundos tinha uma bela boca carnuda que fazia coisas que nem sonhava quanto aquela loura, estonteante, se movia como uma sílfide dançando em cima do seu corpo.

Ele a olhava com lábios semicerrados, tentando esboçar alguma reação e quando decide falar, ela novamente o encara dizendo...

- Aí, vai chegar a seguinte conclusão com a tamanha dor de cabeça que o perseguirá durante todo o dia, pelas inúmeras garrafas consumidas durante toda essa orgia: Seus dissabores se foram, mas a combinação de álcool e sexo em excesso são bem mais confusas do que parece e as vezes, mandar matar alguém é bem mais simples. Tenho ou não razão senhor...?

Ele joga a cabeça pra trás gargalhando muito alto enquanto lhe estende a mão para cumprimentá-la.

- Sinceramente Senhora, seus argumentos são dignos de uma sessão em um tribuna, eu só não gostaria de ser o réu. Prometo que vou me lembrar disso na próxima vez que levar pra minha cama, mulheres e garrafas de champanhe. Se bem...* franze o cenho* ... que não me recordo de ter em meu leito mulheres e garrafas, no máximo uma de cada. Devo pensar sobre o assunto? - Von Colt, Gabriel Von Colt.

Gabriel, Gabriel. Ela repetia pra si. Já o tinha visto? Não, ela se lembraria, pois só em um ser no mundo ela tinha visto cabelos tão negros e olhos tão profundos. Seu amado marido, Raphael. E aquele homem, se ela já o tivesse conhecido, com certeza se lembraria.

- Charlotte Simmons.

Ele se endireita na cadeira e leva a mão aos cabelos num gesto de desaprovação. – Perdão pela minha falta de jeito senhora. *levanta-se de repente*. Eu nem fui convidado a me sentar e já fui logo lhe questionando e o pior, sentando-me sem sua permissão. Mas falava com tanta convicção e paixão, que não resisti.

Pela tumba da minha rainha, quem é esse? Chego a salivar e o liquido negro em mim, posso jurar que quis mudar a temperatura.

- Por favor Sr. Von Colt, sente-se e se não for ousadia minha... Beba comigo. Mas devo alerta-lo, desta vez, sem champanhe. Acho que dei argumentos suficientes para provar que as bolhas as vezes nos traem. Concorda?

- Em gênero, número e grau Sra Simmons.

- Charlotte apenas, por favor. *sorri com um aceno leve de cabeça*

- Então, Charlotte apenas, posso pedir mais uma taça de vinho?

Intrigante. Já andara por aquela cidade, milhares de vezes. E nunca tinha visto essa criatura que do nada lhe aparecia na frente. Humano. Sangue corria quente pelas suas veias. Perfume quente e inebriante. Quem borbulhava agora era minha mente e não o champanhe. Mas ele não oferecia risco para mim, eu sim a ele. Ou estaria enganada?

- Até a garrafa...


Desafiando lógicas, as minhas lógicas


Muitas vezes pensamos que, a lei da vida é aprender e seguir adiante, porém posso garantir que muitas vezes desaprendemos. E ouso dizer que não é porque queremos não, mas sim, por uma simples logica: a da sobrevivência.
Quando criança, começamos nos ciclos básicos: come-se, anda-se, fala-se... vamos pra escola e ai começa nossa guerra particular. Aprendemos a lidar com os amigos que ao longo dos anos vamos conhecendo, aprendemos a lidar com a intransigência, com a adversidade e nem sempre, somos bem sucedidos. Algumas das muitas situações que passamos ou vamos fingir que não existiram ou simplesmente, dizer... “Pode melhorar”.
Então, vem o desafio da profissão. Honro quem trabalha com o que ama, tem ferramentas pra isso e não reclama nem um dia sequer que é infeliz. Eu, hoje posso dizer que parte daquilo que eu faço é o que descobri que gosto de fazer. Aprendi a gostar de tudo isso e se assim me for permitido, não quero trocar, ao contrário. Quero bem mais.
Então, ainda lá atrás quando crianças, aprendemos também a amar, como posso me esquecer disso. Amamos pai, mãe, irmãos numa escala crescente de parentes até que tu, se embola todo e tropeça no seu primeiro amor e é ai meu compadre que a gente começa a desaprender algumas coisas.
Por exemplo, você esquece que algumas vezes deve ser mais prudente e não se doar tanto para alguém, esquece que talvez se você se poupasse um pouquinho, parte do que é seu não seria tomado de ti e nunca mais devolvido. Esquece o quanto era chato ser sozinho e percebe que ser dois, é sempre muito melhor. Não se fala mais sozinho, se fala com o outro, o sorvete tem duas colheres e o travesseiro da cama é dividido. Sonhos coloridos adquirem cores e sabores porque não? Você pode ser a fruta de alguém, a flor..sei lá. E então, depois de um tempo, aquele tempero perde o sabor, alguém muda o paladar e as coisas terminam.
Lá vamos nós aprender a ser só novamente e viver em comunidade. Normalmente, esse acaba sendo o mais difícil dos aprendizados porque, fatalmente você vai ficar mais arisco, mais atento eu diria. Não vai sair por ai distribuindo pedaços daquilo que te faz vivo, certo?
A lógica da vida, nascer, crescer, aprender, amar, se decepcionar, voltar a confiar,colorir, sonhar. Desafio todos os dias a minha lógica: ser uma pessoa melhor, ser mais inteligente, escrever mais. Fazer do meu trabalho não só meu sustento, mas algo que me dê prazer extremo. Conhecer pessoas novas, aprender a amar, confiar, doar, receber. Não digo isso dos meus amigos, pra esses, posso andar meio desatenta, mais reclusa, etc. Mas se precisarem, sabem que podem contar. 
Eu me desafio, todos os dias a ser outra pessoa.
Me desafio a conseguir vencer o medo que me tomou e conhecer outras pessoas, mas minha ânsia e medo de falar são tantos que muitas vezes, me pego sendo ingênua e voltando ao passo número 2 da lição reaprender a falar e olha,  esta sempre foi  minha especialidade e talvez meu maior defeito.
Me desafio a deixar que as pessoas me conheçam sem que eu tenha que dizer pra elas quem eu sou.

Desafio, a minha própria logica de viver e me proteger.