Lua Minguando

*"O amor é como um raio, galopando em desafio
Abre fendas, cobre vales, Revolta as águas dos rios. 
Quem tentar seguir seu rastro, se perderá no caminho..."

Talvez não haja definição mais acertada para alguns momentos da vida. Aqueles onde você quase pensa, que merda que eu fiz de novo? 
Mas aí, os mais sábios e logico, sensatos diriam. O amor é tudo isso mesmo e se você não segue nem um momento isso, nunca vai saber se o gosto é de mel ou de fel.
Claro, que isso depende muito de quem se atira aos braços deste danado. Eu devo advertir que, se não tem certeza que vai suportar o drible na ansiedade da espera, irmão, nem entra nessa. Vais quebrar a cara! Fato!! 

Mas poxa, algumas vezes isso deve dar certo, para algumas pessoas eu presumo, porque para mim, não dá dando tem um tempinho. Mas vamos equilibrar essa parada chamada ansiedade que é nosso maior vilão e aguardar que as próximas cenas sejam mais animadas. Será? 

Amar é muito bom, principalmente quando ele nasce de uma hora para outra e você ao invés de beijar a boca do seu escolhido (a), beija-lhe a alma. É como se desnudar de pré-conceitos e mergulhar em coisas que tem medo, mas que você sente tantas descargas elétricas percorrendo seu corpo que você pensa: Poxa, como uma coisa tão boa poderia ser tão ruim? 
Não é ruim, mas sim maravilhoso. 
Você ama o sorriso da pessoa e ela fala rindo contigo, você ama seus olhos e eles sorriem em retribuição. 
E a voz? Ah esse tem que ter um capítulo à parte, pois a voz, pode ativar um mecanismo no seu cérebro que poderia lhe levar a mais pura perdição. 

Claro, que lidamos nesse caso com amores não correspondidos!! Não seria diferente vindo da minha cabeça. Sou mestre nesse caso, mas vamos seguindo em oração e uma hora o que não é para mim hoje, seja para alguém e sobretudo alguém se recorde o quanto eu aprendi nos últimos tempos sobre resiliência e olha para mim de forma diferente e diga que é para mim também. =D

Mas piadas nefastas a parte, não se deve perder a esperança no amor, nunca. Ele só vai te machucar se você entrou nele no seu momento mais carente, mas aí... não seria amor, mas sim aquelas paixonites doentes e tals. 

Mas vamos aguardar, um dia sei que as coisas vão ser diferentes. Enquanto isso, vamos nos desintoxicando de uma voz sonora e musical de um olhar misterioso e lindo e de um sorriso que pode simplesmente congelar o meu ser em segundos.


É amigo, amar é pra fortes e desprendidos... 


O regresso de Charlotte

Nem sabia quanto tempo se encontrava reclusa, perdera a conta das noites que estava ali naquela biblioteca vendo o tempo passar. Tempo que para ela não seria nenhum problema se não estivesse se tornando chato, monótono, maçante.
Os empregados iam e viam e cada dia que passava se preocupavam com o estado de sua senhora. Seu fiel guardião passava e as veze dizia:

- Minha senhora, precisa sair e se alimentar. Não pode passar a eternidade aqui.
Eu só olhava para ele e nem me dava ao trabalho de dizer uma palavra sequer, ele já sabia o que queria dizer em sua mente.

- Deixe-me, não há nada lá fora que valha minha saída.

E assim seguiam-se as noites. Mas ele tinha razão. Quanto tempo mais ela aguentaria sem se alimentar, sem ver a rua. Sem fazer nada? Que diria seu Senhor se a visse desta forma? E lá voltava ela para suas recordações. Sentia falta dele, do seu mundo. Da dança que a levou para seus braços. Nunca mais ela fora a mesma. Nem sabia que pé estavam seus negócios. Seus empregados mandavam relatos semanais que ela mal olhava.

- Que fez da vida Ma petit? Mon amour não é mais a mesma. Perdeu o brilho nos olhos.

- Não vê que sinto sua falta? Não vê que não há vida nesse corpo?

- Mas ela voltou a ser uma criança mimada?

Podia até sentir sua respiração e seu corpo frio no meu. Estava alucinado já?

- Por que fez isso Raphael? Porque me privou de ter você?

- Você sabe porque ma petit, como vou falar novamente isso? Vamos... mude esse lindo rosto e volte a ser a minha amada, perversa, predadora, encantadora. Precisa comer...veja como está?

Ele tinha razão como discutir com ele se estava certo?

- Venha, vou leva-la a escolher uma roupa e hoje vai sair daqui.

Em alguns segundos estamos a escolher um belo modelo negro, com as costas abertas até a cintura. 

Uma joia negra é retirada da caixa, uma pequena gota de ônix que ele tanto amava.

Tomo um longo banho, me visto enquanto ele fica a me observar.

- Horrível vê-lo aí e não poder toca-lo.

- Sabes que não estou aqui amor.

Sei! dizia contrariada.

Termino de me arrumar e desço, mal posso ver a cara de satisfação de German quando me vê sair do prédio.

Ele abre a porta do carro: - Onde vamos senhora?

- Preciso ver a quantas anda tudo não? Vai que estas me roubando e eu vou ter que tirar-lhe a vida para suprir os prejuízos?

- Lhe garanto que não, mas, minha senhora, morro feliz só de ter feito com que saísse.

A reação de todos ao entrar era a mesma, um misto de admiração e alivio, pois, ela não saía realmente há muitos meses.

Acena a todos levemente enquanto vai caminhando até a mesa dos fundos, sua desde sempre.
Sabia que ao passar, arrancava olhares e sentia até algumas respirações ofegantes. Pois é, acho que ela realmente ainda não perdeu de todo seu encanto e hoje, ela iria alimentar-se a moda antiga.
Uma garrafa e champanhe, olhares a sua volta e ouvido apurado. Quem ela iria querer?








Dia de que mesmo??

Há muitos anos atrás, escrevi sobre o dia dos namorados de uma forma bem peculiar, irônica e sobrenatural, pois em verdade era uma aventura da minha Charlotte!
Nem preciso dizer que o conto acabou em beijos de sangue e balões de corações estragados..., mas foi um belo conto.
Talvez, passados anos eu tenha tido vontade de escrever de uma outra forma sobre esse assunto, não como um conto macabro ou romântico, mas como eu acho que ele deveria ser.
Eu não celebro essa data há muito tempo e ao contrário de muita gente, não me incomoda falar sobre isso. Digamos que se passaram muitos anos e a minha vida tenha dado tantas voltas e em nenhuma destas rotações da terra o que estava destinado à mim não caiu da orbita. Sempre me fiz a pergunta eu não mereço? Eu não sou isso ou aquilo? Sim, sou e muito.
Tenho meus defeitos como todos os seres humanos habitantes deste universo, mas que poderia eu fazer se nada havia acontecido de diferente?
Mas, com o passar do tempo vamos ficando mais experientes eu que bom, mais espertos e inteligentes e vamos aprendendo a lidar com algumas situações. Claro nisso tudo tenho a minha parcela de culpa. Mas falar de erros não o muda, mas aprender com eles, te muda!
Quando você toma consciência de algumas coisas fica tudo mais prático. Se amor, se entender, se respeitar. Te faz uma pessoa muito mais inteligente para lidar com a cabeça dos infantis e desinteressados. Você realmente aprende o que é amor, quando descobre que você quer muito determinada pessoa, mas não aprisionada. Que você ama estar com ela e vê-la sorrir, mas que se ela estiver fazendo isso obrigada, não teria o mesmo efeito.
Quando simplesmente você entende que você precisa lidar em primeiro lugar com a sua carência para ter outra pessoa e ela tem que querer também estar com você, não apenas estar.
Você aprende que amar é sentir a dor do outro, mas não pegá-la pra sim, mas sim ajudar com que ele passe por aquilo com menos sofrimento. E estar feliz quando ele (a) está feliz. Ok, você vai dizer “ eu não sei estar feliz se não estiver ao lado de quem amo”. Mentira! Você consegue a pessoa mais ainda.
Confesso que é uma lição muito difícil, porque as vezes simplesmente, você só quer que a pessoa esteja ao seu lado, para trocar informações, comer um chocolate ou simplesmente tomar um café. Mas não é assim que está acontecendo e se sua mente não está preparada, lá se vai tudo pelo ralo e começamos de novo.
O que eu quero dizer é, valorize bem a pessoa que tem ao lado. Seus defeitos, suas qualidades e virtudes. Ame sem cobrança, sem amarras. Valorize a integridade, a moral, o respeito um pelo outro. Valorize seus momentos em família, em grupo com alegria e seus momentos a dois, com amor, intensidade, reciprocidade. Saiba que tudo aquilo que deixa livre e permanece ao seu lado é o que verdadeiramente lhe pertence.

Chame isso que acabei de escrever do que quiser, eu chamo de aguardar seu tempo, de regar a flor que você gosta todos os dias, sem arrancá-la do pé, sem mexer em nada dela. Afinal, se a ama, deve preserva-la e não retirá-la. 

Foto do cacho de rosas vermelhas do quintal da minha avó que lembra um coração!!!

Recebam com amor!!

Divã em série


- Mas então, como você acha que ele te vê? 

Silêncio....

- Acho que de uma forma normal.

- E como você lida com isso?

- Como se eu regasse uma flor todos dias...


A primeira vez...

Convido meu leitor a ler essa pequena narrativa e a seguir, ouvir essa música que me motivou a escrever sobre isso...

Feche seus olhos e volte a uma pequena cidade perdida no tempo.

Era uma típica noite de sábado e todos estavam às ruas, famílias inteiras, casais a namorar. 
O tempo passava devagar para aquele pessoal simples se divertindo na praça.
Uma praça, um coreto, uma pequena igreja com sua torre iluminada, uma fonte!
Uma leve brisa pairava por aquela noite de verão.
O pouco que soprava, misturava aromas de comidas variadas, doces, salgados, bebidas... mais à frente, perfumes! Doces, amadeirados... flores sem fim! Haveria cenário mais bucólico?
Em meio as mais variadas barracas de guloseimas e brincadeiras, as crianças corriam displicentemente. Gargalhavam sem pensar em mais nada.
Ao lado da fonte um senhor sorridente tocava seu realejo... “ quer saber sua sorte ? ” E piscava para seu pássaro que olhava a todos como se  tudo entendesse... ouso dizer senhores que ele entendia mais do que se passava ali do que qualquer um.
Em um canto mais reservado da praça, vinham nossos personagens principais, caminhavam como se o mundo parasse ao redor deles e nada e nem ninguém estivesse ali. O momento era deles...
Estranhamente, caminhavam lado a lado, mas não se esbarravam tanto. 
Ele, elegantemente vestido para ocasião, com sua camisa estampada e seu terno abotoado, lenço na lapela, cabelos longos, bem penteados. Um perfeito cavalheiro com sua singela displicência de cores.
Ela, um deslumbre de guria.  Seus cabelos soltos em longas madeixas, caiam pela renda do seu vestido levemente acinturados, com um laço de fita azul. Seus olhos reluziam de contentamento.
Tudo seguia normalmente e pasmem, não sei como achavam tanto assunto em meio a dezenas de:
– Boa noite Senhores! Boa noite Senhoras!
 Eles iam caminhando e rindo, sorrindo e caminhando... na ordem que mais apreciar o leitor.
Comiam tudo feito duas crianças, doces, salgados refrigerantes... vez ou outra tocavam-se. Mas era pequenos esbarroes, quase imperceptíveis. Mas tão significativos que o mundo parecia parar.
Em meio a caramelos e guaranás,  param para a pose do lambe-lambe! Um chapéu arranjado, um ramo de flores artificiais e estava lá aquele doce momento eternizado.
Em determinado instante, ele olha para o lado e corre a puxar a mão dela, que se surpreende com o gesto. Para em uma barraca de brincadeiras e já joga uma argola e seu prêmio nada mais é que um porta retratos. Em segundos ele abre e coloca a foto acabada de tirar e tomando-lhe as mãos entrega o mimo dizendo... - Agora sim, nosso passeio está completo! Eternizado.
Daquele momento em diante, numa das mãos ela carregava seu presente e na outra mantinha a mão dele bem presa para nunca mais soltar.
Anos depois na casa que fora deles, uma pessoa descuidada deixa cair o velho porta retrato, fazendo com que seu vidro se quebrasse e a foto caísse para fora. Atrás, os pequenos dizeres:


Este foi o dia que peguei em sua mão, pela primeira vez. “ Com amor...”



*https://soundcloud.com/viniciusdiaszurlo/paquerinha-vinicius-dias-zurlo










Sem título.

Lá estava eu, sentada em minha mesa preferida, do meu café preferido, em meu momento de ócio preferido: Olhar as pessoas à minha volta. E sempre no mesmo dia, lá vinha ela, altiva...mal olhava para os lados!
Parece que fazia questão de passar, esnobar, fingir que nada a atingia.
Vestia-se de preto, couro, batom vermelho! Nem te ligo.
Mas eu cada vez que a via, ousava pensar: puro disfarce!!!
Quando ela passava e eu estava a me perder em meus pensamentos, ficava a imaginar o por quê de tudo aquilo.
Será que teria passado por problemas na infância? Não, não acredito!
Mas eu diria, em uma pequena análise talvez, até porque nem a conhecia que ela fazia aquilo apenas para se resguardar do mundo. EU me basto. Eu me sirvo. Quando na verdade, ela queria dizer ao mundo. Eu estou aqui, me basto, mas preciso de outras coisas, eu me sirvo, mas preciso as vezes também ser servida.
Mas será que eu não estava enganada? E então, como se o céu se abrisse, sim, porque de narrativas lamuriosas o mundo já está farto, uma cena me para:
Lá estava ela quase a dobrar a esquina, com a sua cara de poucos amigos, quando um gato negro e de olhos penetrantes, salta em frente dela, deixando a estática. Pensei, ela vai arremessar o bichano e por alguns segundos pensei em fechar meus olhos..mas não, eu não poderia perder esse desfecho.
Boquiaberta, parei e vi a cena que para mim, dizia: Eu sabia!!
Em um segundo o bicho estava sendo afagado em seu colo, beijado, agarrado e distribuindo lambeijos por toda a cara de batom vermelho dela.
Sim, por trás daquela carapaça sim, existe uma pessoa normal, sensível e meiga que apenas se defendia das tiranias do mundo por que assim era pra ser...

Volto pro meu café e pra outros pontos, quem seria o próximo a ser analisado?

Hoje me deu saudade!

Nos conhecemos em março de um ano qualquer, nesse momento não me lembro, mas uma coisa naquele dia ficou bem claro, A reciprocidade do carinho e da cumplicidade de amigos. E assim, fomos durante 5 anos.Pra mim, eras quase um irmão, aquele que eu contava meus tormentos, minhas alegrias e sobretudo minhas cagadas e as inúmeras vezes que eu permiti que partissem meu coração e das vezes que tentei colar o teu quanto tu fazias das tuas. Nunca vou negar que tua amizade me trouxe ótimos frutos, amigos, passeios, afinal, me levasse a conhecer dois lugares que quis muito. Me preparou jantares e me levou ao teatro. Enfim, foi uma parceria boa. No dia que me disse que tinhas feito uma escolha, porque sua nova namorada não gostava de mim, pois eu era amiga da sua ex e olha que eu tentei, ouvi cobras e lagartos dela, apenas pra tentar amenizar tudo...ah nesse dia, quando me disse " eu tenho que fazer uma escolha, doa em em quem doer"..eu chorei, chorei por horas. Sofri porque eu não entendia isso, mas a vida tem dessas coisas. E decidi que eu não iria mais chorar, e não fiz! Até hoje, onde vi uma foto de nossa viagem. Meu deus, que saudade me deu e que falta as vezes tu me fez. Por meses, você sumiu da minha cabeça e nem nas minhas orações eu te inclui. Mas hoje...tudo que eu posso fazer é orar pela tua saúde e pela sua felicidade, tal qual eu fiz por anos.
Porque abriu-se um buraco no meu peito que eu nem sei porque ainda não estava cicatrizado. Seja feliz pra sempre.